7 de nov. de 2012
15 de out. de 2012
Racismo
Queridos alunos!
Esta semana estamos trabalhando com textos que abordam a questão racial em nosso país, sua influencia na sociedade, no espaço escolar.
Muitas palavras destacadas nos textos foram desconhecidas para vocês.
Pesquise o significado de cada uma delas e poste no Blog.
Um beijão da pró
Tarefa para os alunos da 6ª Série ( regular), 7º Ano A e B
Esta semana estamos trabalhando com textos que abordam a questão racial em nosso país, sua influencia na sociedade, no espaço escolar.
Muitas palavras destacadas nos textos foram desconhecidas para vocês.
Pesquise o significado de cada uma delas e poste no Blog.
Um beijão da pró
Tarefa para os alunos da 6ª Série ( regular), 7º Ano A e B
21 de mai. de 2012
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A Revolta da Vacina foi uma manifestação popular ocorrida na cidade do Rio de Janeiro entre os dias 10 e 16 de novembro de 1904 contra a imposição da vacinação obrigatória, cujo objetivo era erradicar doenças tropicais como febre amarela, varíola, malária e peste, além de melhorar as condições de higiene da então capital da república. O plano de saneamento, organizado por Oswaldo Cruz, foi elaborado em sintonia com a política de modernização do espaço urbano do prefeito Pereira Passos.
Entre os problemas
enfrentados pelo Rio de Janeiro, então capital federal, na virada do século XIX
para o XX, se destacavam a falta de saneamento básico e de higiene, fatores que
facilitavam
a propagação de doenças graves e por consequência provocavam uma imagem
negativa da cidade no exterior. Devido à situação sanitária caótica, o
presidente Rodrigues Alves
(1902-1906), nomeou o sanitarista Oswaldo Cruz como diretor geral do
Departamento Federal de Saúde Pública (DGSP) do governo federal, cargo
equivalente ao de ministro da Saúde atualmente. O primeiro passo era erradicar
a epidemia de febre amarela, vacinar a população contra a varíola e melhorar as
condições de vida dos habitantes.
Para cumprir o
proposto, Oswaldo Cruz encaminhou ao Congresso Nacional, a 31 de outubro, uma
proposta de lei sobre a obrigatoriedade da vacinação, a chamada Lei da
Vacina Obrigatória. A sugestão foi transformada
em um projeto legislativo, o que gerou insatisfação de diversos setores da
sociedade civil. A população temia que a vacina fosse uma forma de extermínio
das camadas pobres, visto que a reformulação do sistema de saúde estava ligado
à modernização da cidade, inspirada nos moldes parisienses e proposta por
Pereira Passos e Rodrigues Alves. Tal política destruiu cortiços e casebres
integrantes da região central da cidade para dar lugar a grandes avenidas e ao
alargamento de ruas. A consequência de tais medidas foi o desenvolvimento de
favelas nos morros do Rio de Janeiro e o crescimento demográfico em regiões
periféricas. A aprovação da Lei da Vacina foi o estopim da revolta.
Oswaldo Cruz recrutou mais de 1.500 pessoas para o combate ao mosquito vetor da febre-amarela.
Entretanto, a falta de uma campanha que esclarecesse as dúvidas da
população e as atitudes arbitrárias cometidas pelos agentes de saúde, levaram a
população a se revoltar. As chamadas “Brigadas Mata Mosquito”
eram formadas por funcionários do Serviço Sanitário. Eles invadiam as casas e
vacinavam as pessoas à força com a ajuda de policiais, além de exterminarem
mosquitos e ratos.
Rapidamente, setores da
oposição ao governo e grande parte da imprensa se mobilizaram contra as medidas
sanitárias propostas pelo diretor geral do Departamento Federal de Saúde
Pública. Alguns historiadores defendem, inclusive, que o motim popular teria
sido motivado, na verdade, por manipulações políticas dos segmentos da elite
brasileira descontentes com os rumos assumidos pela República. Para fomentar a
insatisfação foi criada a Liga contra a Vacina Obrigatória.
O levante popular
explodiu no dia 11 de novembro de 1904. Carroças, bondes e postes de
iluminação foram destruídos, lojas saqueadas, policiais atacados. Os populares
reivindicavam o fim da vacinação obrigatória, mas aproveitaram para demonstrar
também a insatisfação com o projeto de transformação
do centro do Rio de Janeiro.
Com a situação
incontrolável, o governo suspendeu a obrigatoriedade da vacina e declarou
estado de sítio. A rebelião só foi contida no dia 16 de novembro, deixando
dezenas de mortos e feridos. Centenas de participantes do motim foram
deportados para o Acre. Após reassumir o controle
da situação, o processo de vacinação foi reiniciado.
Mesmo sofrendo
resistência da população, o modelo empregado obteve resultados importantes no controle
das doenças epidêmicas, melhorando a situação sanitária e de higiene na
cidade do Rio de Janeiro e conseguindo, inclusive, erradicar a febre amarela e
a varíola da capital.
Fontes:
20 de mai. de 2012
Texto 1- Antônio Conselheiro
22/9/1897, Canudos (BA)
Filho do comerciante Vicente Mendes Maciel e de
Maria Joaquina de Jesus, Antônio Vicente Mendes Maciel ficou órfão da mãe aos
seis anos. Estudou aritmética, português,
geografia, francês e latim.
Entre suas leituras preferidas estavam as aventuras do imperador Carlos Magno
e dos 12 pares de França, adaptações de lendas populares da idade média
arraigadas no folclore
nordestino.
Aos 27 anos, perdeu o pai e começou a cuidar da
loja da família, com a qual sustentava as quatro irmãs. Ficou dois anos à
frente do negócio e, depois, passou a dar aulas numa escola de fazenda. Graças
aos seus estudos e esforço pessoal, tornou-se escrivão de cartório, solicitador
(encarregado de encaminhar petições ao poder Judiciário) e rábula (advogado sem
diploma). Estaria encaminhado profissionalmente, caso um problema pessoal não
viesse mudar radicalmente sua vida.
Depois de casado, Antônio Maciel foi traído pela
mulher que fugiu com outro homem. Transtornado pela humilhação, começou a
perambular sem destino certo pelo interior do Ceará e de
outros Estados
do Nordeste, talvez à procura dos fugitivos. Para sobreviver, trabalhou
como pedreiro e construtor, ofício aprendido com o pai. Restaurava e construía
capelas, igrejas e cemitérios.
Esse trabalho e as pregações do padre Ibiapina -
que peregrinava pelo sertão fazendo obra de caridade - influenciaram Antônio
Maciel. Ele passou a ler os Evangelhos e a divulgá-los entre o povo humilde,
ouvindo também os problemas das pessoas e procurando consolá-las com mensagens
religiosas. Devido aos conselhos, tornou-se conhecido como Antônio Conselheiro
e arrebanhou um número crescente de seguidores fiéis que o acompanhavam pelas
suas andanças.
À medida que a simpatia dos pobres por ele
aumentava, surgiam também os inimigos, que se sentiam prejudicados. Por um
lado, os padres, que viam seu prestígio diminuir diante das pregações de um
leigo. Por outro, os latifundiários, que viam muitos empregados de suas
fazendas abandonarem tudo para seguir o beato.
Em 1874, o Conselheiro e seus seguidores se fixaram perto da vila de Itapicuru de Cima, no sertão da Bahia, onde fundaram o arraial do Bom Jesus. Dois anos depois, acusado de ter assassinado a esposa, Antônio Conselheiro foi preso e mandado para o Ceará, onde o julgamento comprovou sua inocência.
Em 1874, o Conselheiro e seus seguidores se fixaram perto da vila de Itapicuru de Cima, no sertão da Bahia, onde fundaram o arraial do Bom Jesus. Dois anos depois, acusado de ter assassinado a esposa, Antônio Conselheiro foi preso e mandado para o Ceará, onde o julgamento comprovou sua inocência.
Entretanto, seu fervor religioso aumentou durante
a temporada na prisão. Da mesma maneira, aumentou seu prestígio entre os
pobres, que passaram a vê-lo como um mártir. Mais gente se reuniu a sua volta e
o acompanhou sertão afora, por andanças que duraram 17 anos. Em 1893, ele se
estabeleceu definitivamente numa fazenda abandonada às margens do rio
Vaza-Barris, numa afastada região do norte da Bahia, conhecida como Canudos.
Ali, fundou um povoado, que chamou de Belo Monte.
Rapidamente, o vilarejo se transformou numa cidade cuja população é estimada
entre 15 mil e 25 mil habitantes (há controvérsia entre os historiadores).
Canudos prosperou e se tornou incômoda para as
autoridades políticas e religiosas locais, que procuravam um pretexto para
acabar com ela. Um problema comercial acerca de uma compra de madeira na cidade
de Juazeiro deu motivo para que uma tropa de soldados da polícia baiana
investisse contra os seguidores do Conselheiro em novembro de 1896.
A derrota dos policiais deu início a um conflito
que ficou conhecido como Guerra de
Canudos, que assumiu enormes proporções. Mobilizaram-se tropas do exército
em três expedições militares que, enfrentando enorme resistência da população
de Canudos, promoveram um massacre no arraial. O confronto estendeu-se até 5 de
outubro de 1897, quando o exército tomou definitivamente o arraial. Antônio
Conselheiro morrera poucos dias antes, não se sabe exatamente como.
Fontes:
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/sertoes.htmlTexto 2- Antônio Conselheiro
Antes
de se tornar um líder social do Nordeste brasileiro no final do século XIX, Antônio
Vicente Maciel, nascido em 13 de março de 1830 em Quixeramobim, Ceará,
trabalhava com o comércio herdado de seu falecido pai, onde sustentava suas
quatro irmãs. Seus conhecimentos em aritmética, português, geografia, francês e
latim lhe garantiram bons empregos como escrivão de cartório, solicitador de
petições e até mesmo como advogado, ainda que não tivesse o diploma.
Casou-se com sua prima Brasilina Laurentina de
Lima e manteve uma vida estável até que, quatro anos depois, flagra sua esposa
traindo-o com um sargento em sua própria casa.
Desolado, foge sem rumo pelo Ceará, trabalhando
como pedreiro e construtor para sobreviver. Na maioria de seus trabalhos,
reformava igrejas. Certa vez, ficou impressionado com as incursões peregrinas
do padre Ibiapina, e começou a ler atentamente as pregações do Evangelho. As
mensagens religiosas o influenciaram tanto, que ele passou a consolar as
pessoas que reclamavam de dificuldades com trechos bíblicos e uma diferente
interpretação de seu conteúdo, conquistando fiéis por onde passava. Por conta
de seus conselhos, ele ficaria conhecido como Antônio Conselheiro.
Em contato com o povo,
percebendo suas reais necessidades e o descaso do governo e dos latifundiários
com toda essa situação, Antônio Conselheiro sai em peregrinação a Canudos, no
interior da Bahia, com o objetivo de formar a comunidade Belo Monte. Antes,
porém, chegou a ser preso por ser acusado de assassinar a ex-esposa (o que, de
fato, não era verdade). Na prisão, teve contato mais intenso com as camadas
mais baixas da população nordestina, elevando seu prestígio de forma
considerada. Para se ter uma idéia, quando Antônio Conselheiro cogitou criar a
comunidade Belo Monte, cerca de 15 mil a 25 mil pessoas seguiam seus passos.
Por mais que tivesse inúmeros seguidores, Antônio
Conselheiro também colecionava inimigos. Os latifundiários e padres o acusavam
de incitar os trabalhadores a largarem suas obrigações. Suas idéias políticas,
mais inclinadas à restauração da monarquia no Brasil, indignavam a
recém-instaurada República.
Para evitar a propagação dos ideais de Antônio
Conselheiro, uma tropa baiana invadiu o território de Canudos,
mas foi facilmente derrotada. A partir daí, em 1896, iniciava um conflito que
atingiria enormes proporções, conhecido como Guerra
dos Canudos. Após três expedições fracassadas, devido às táticas
de guerrilha dos canudos que lutavam, inicialmente, a pau e pedra, o governo
enviou uma quarta expedição munida de canhões e fortalecida por milhares de
soldados.
Em 5 de outubro de 1897, o capitão Antônio
Moreira César derrota os canudos, devastando tudo o que via pela frente. O
massacre foi tão imenso, que nem as crianças e mulheres foram poupadas da
crueldade do Exército. Antônio Conselheiro, que liderava a construção dessa
utópica sociedade igualitária, foi aniquilado pela explosão de uma granada em
22 de outubro de 1897.
Fontes:
Texto-3
–Antonio Conselheiro e Canudos
A Guerra de Canudos é tida como um dos principais
conflitos que marcam o período entre a queda da monarquia e a instalação do
regime republicano no Brasil. No entanto, antes de sabermos maiores detalhes
sobre a formação do Povoado de Canudos e o início das batalhas, devemos
contemplar algumas passagens da vida de seu principal líder: Antônio
Conselheiro.
Nascido na vila de Quixeramobim, no interior do
Ceará, Antônio Vicente Mendes Maciel cresceu em uma família de padrão de vida
mediano. Durante sua infância teve uma educação diversa que lhe ofereceu
contato com a geografia, a matemática e as línguas estrangeiras. Aos vinte e
sete anos, depois da morte de seu pai, assumiu os negócios da família. Não
obtendo sucesso, abandonou a atividade. Na mesma época, casou-se com uma prima
e exerceu funções jurídicas nas cidades de Campo Grande e Ipu.
Com o abandono da mulher, Antônio começou a vaguear pelo sertão nordestino. Em seguida, envolveu-se com uma escultora chamada Joana Imaginária, com quem acabou tendo um filho. Em 1865, Conselheiro abandonou a mulher e o filho e retornou à sua peregrinação sertaneja. Nessas andanças, começou a construir igrejas, cemitérios e teve sua figura marcada pela barba grisalha, a bata azul, sandálias de couro e a mão apoiada em um bordão.
Com o abandono da mulher, Antônio começou a vaguear pelo sertão nordestino. Em seguida, envolveu-se com uma escultora chamada Joana Imaginária, com quem acabou tendo um filho. Em 1865, Conselheiro abandonou a mulher e o filho e retornou à sua peregrinação sertaneja. Nessas andanças, começou a construir igrejas, cemitérios e teve sua figura marcada pela barba grisalha, a bata azul, sandálias de couro e a mão apoiada em um bordão.
Nessa época, sob a perspectiva de alguém influenciado pelas contrariedades pessoais e os problemas socioeconômicos do sertão, Antônio Conselheiro iniciou uma pregação religiosa defensora de um cristianismo primitivo. Defendia que os homens deveriam se livrar das opressões e injustiças que lhes eram impostas, buscando superar os problemas de acordo com os valores religiosos cristãos. Com palavras de fé e justiça, Conselheiro atraiu muitos sertanejos que se identificavam com a mensagem por ele proferida.
Desde o início, autoridades eclesiásticas e setores dominantes da população viam na renovação social e religiosa de Antônio Conselheiro uma ameaça à ordem estabelecida. Em 1876, autoridades lhe prenderam alegando que ele havia matado a mulher e a mãe, e o enviaram de volta para o Ceará. Depois de solto, Conselheiro se dirigiu ao interior da Bahia. Com o aumento do seu número de seguidores e a pregação de seus ideais contrários à ordem vigente, Conselheiro fundou – em 1893 – uma comunidade chamada Belo Monte, às margens do Rio Vaza-Barris.
Consolidando uma comunidade não sujeita ao mando
dos representantes do poder vigente, Canudos, nome dado à comunidade por seus
opositores, se tornou uma ameaça ao interesse dos poderosos. De um lado, a
Igreja atacava a comunidade alegando que os seguidores de Conselheiro eram
apegados à heresia e à depravação. Por outro, os políticos e senhores de terra,
com o uso dos meios de comunicação da época, diziam que Antônio Conselheiro era
monarquista e liderava um movimento que almejava derrubar o governo
republicano, instalado em 1889.
Incriminada por setores influentes e poderosos da
sociedade da época, Canudos foi alvo das tropas republicanas. Ao contrário das
expectativas do governo, a comunidade conseguiu resistir a quatro investidas
militares. Somente na última expedição, que contava com metralhadoras e
canhões, a população apta para o combate (homens e rapazes) foi massacrada. A
comunidade se reduziu a algumas centenas de mulheres, idosos e crianças.
Antonio Conselheiro, com a saúde fragilizada, morreu dias antes do último
combate. Ao encontrarem seu corpo, deceparam sua cabeça e a enviaram para que
estudassem as características do crânio de um “louco fanático”.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
Texto1-Guerra
do Contestado
Introdução
A Guerra do Contestado foi um conflito armado que
ocorreu na região Sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916. O
conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares
dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os
conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Parará e
Santa Catarina.
Causas da Guerra
A estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande
do Sul estava sendo construída por uma empresa norte-americana, com apoio dos
coronéis (grandes proprietários rurais com força política) da região e do governo.
Para a construção da estrada de ferro, milhares de família de camponeses
perderam suas terras. Este fato, gerou muito desemprego entre os camponeses da
região, que ficaram sem terras para trabalhar.
Outro motivo da revolta foi a compra de uma grande
área da região por de um grupo de pessoas ligadas à empresa construtora da
estrada de ferro. Esta propriedade foi adquirida para o estabelecimento de uma
grande empresa madeireira, voltada para a exportação. Com isso, muitas famílias
foram expulsas de suas terras.
O clima ficou mais tenso quando a estrada de
ferro ficou pronta. Muitos trabalhadores que atuaram em sua construção tinhamsido trazidos de diversas partes do Brasil e ficaram desempregados com o fim daobra. Eles permaneceram na região sem qualquer apoio por parte da empresa
norte-americana ou do governo.
Participação do monge José Maria
Nesta época, as regiões mais pobres do Brasil
eram terreno fértil para o aparecimento de lideranças religiosas de caráter
messiânico. Na área do Contestado não foi diferente, pois, diante da crise e
insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este pregava a
criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em
paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar. José Maria conseguiu
reunir milhares de seguidores, principalmente de camponeses sem terras.
Os conflitos
Os coronéis da região e os governos (federal e
estadual) começaram a ficar preocupados com a liderança de José Maria e sua
capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a acusar o beato de ser um
inimigo da República, que tinha como objetivo desestruturar o governo e a ordem
da região. Com isso, policiais e soldados do exército foram enviados para o
local, com o objetivo de desarticular o movimento.
Os soldados e policiais começaram a perseguir o
beato e seus seguidores. Armados de espingardas de caça, facões e enxadas, os
camponeses resistiram e enfrentaram as forças oficiais que estavam bem armadas.
Nestes conflitos armados, entre 5 mil e 8 mil rebeldes, na maioria camponeses,
morreram. As baixas do lado das tropas oficiais foram bem menores.
O fim da Guerra
A guerra terminou somente em 1916, quando as
tropas oficiais conseguiram prender Adeodato, que era um dos chefes do último
reduto de rebeldes da revolta. Ele foi condenado a trinta anos de prisão.
Conclusão
A Guerra do Contestado mostra a forma com que os
políticos e os governos tratavam as questões sociais no início da República. Os
interesses financeiros de grandes empresas e proprietários rurais ficavam
sempre acima das necessidades da população mais pobre. Não havia espaço para a
tentativa de solucionar os conflitos com negociação. Quando havia organização
daqueles que eram injustiçados, as forças oficiais, com apoio dos coronéis,
combatiam os movimentos com repressão e força militar.
A Revolta da Vacina
O Rio de Janeiro, na passagem do século
XIX para o século XX, era ainda uma cidade de ruas estreitas e sujas,
saneamento precário e foco de doenças como febre amarela, varíola, tuberculose
e peste. Os navios estrangeiros faziam questão de anunciar que não parariam
no porto carioca e os imigrantes recém-chegados da Europa morriam às dezenas de
doenças infecciosas.
Ao assumir a presidência da República,
Francisco de Paula Rodrigues Alves instituiu como meta governamental o
saneamento e reurbanização da capital da República. Para assumir a frente das
reformas nomeou Francisco Pereira Passos para o governo municipal. Este por sua
vez chamou os engenheiros Francisco Bicalho para a reforma do porto e Paulo de
Frontin para as reformas no Centro. Rodrigues Alves nomeou ainda o médico
Oswaldo Cruz para o saneamento.
O Rio de Janeiro passou a sofrerprofundas mudanças, com a derrubada de casarões e cortiços e o conseqüentedespejo de seus moradores. A população apelidou o movimento de o “bota-abaixo”.
O objetivo era a abertura de grandes bulevares, largas e modernas avenidas com
prédios de cinco ou seis andares.
Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa
de saneamento de Oswaldo Cruz. Para combater a peste, ele criou brigadas
sanitárias que cruzavam a cidade espalhando raticidas, mandando remover o lixo
e comprando ratos. Em seguida o alvo foram os mosquitos transmissores da febre
amarela.
Finalmente, restava o combate à
varíola. Autoritariamente, foi instituída a lei de vacinação obrigatória. A
população, humilhada pelo poder público autoritário e violento, não acreditava
na eficácia da vacina. Os pais de família rejeitavam a exposição das partes do
corpo a agentes sanitários do governo.
A vacinação obrigatória foi o estopim
para que o povo, já profundamente insatisfeito com o “bota-abaixo” e insuflado
pela imprensa, se revoltasse. Durante uma semana, enfrentou as forças da
polícia e do exército até ser reprimido com violência. O episódio transformou,
no período de 10 a 16 de novembro de 1904, a recém reconstruída cidade do Rio
de Janeiro numa praça de guerra, onde foram erguidas barricadas e ocorreram
confrontos generalizados.
Cronologia da Revolta da Vacina
10 de novembro - Devido à proibição de reuniões públicas estabelecida
pelo governo, a polícia investe contra estudantes que pregavam resistência à
vacinação e são recebidos a pedradas, ocorrendo as primeiras prisões.
11 de novembro - As forças policiais e militares recebem ordens para
reprimir comício da Liga contra a Vacinação Obrigatória e o confronto com a
população se generaliza para outras áreas do centro da cidade, causando o
fechamento do comércio.
12 de novembro - Sob o comando dos representantes da Liga, Vicente de
Souza, Lauro Sodré e Barbosa Lima, cerca de 4 mil pessoas saem em passeata para
o Palácio do Catete.
13 de novembro - Na praça Tiradentes, uma multidão se aglomera e não
obedece à ordem de dispersar. Há troca de tiros e a revolta se espalha por todo
o centro da cidade. A população incendeia bondes, quebra combustores de
iluminação e vitrines de lojas, invadem delegacias e o quartel da rua Frei
Caneca. Mais tarde, os tumultos chegam aos bairros da Gamboa, Saúde, Botafogo,
Laranjeiras, Catumbi, Rio Comprido e Engenho Novo.
14 de novembro – Os conflitos continuam por toda a cidade. O exército
está dividido. Cerca de 300 cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha tentam
depor o presidente. Recebem o apoio de um esquadrão da Cavalaria e uma
companhia de Infantaria. Na Rua da Passagem, em Botafogo, encontram-se com as
tropas governamentais. Segue-se um intenso tiroteio. A debandada é geral. O
governo tem 32 baixas, nenhuma fatal. Os rebeldes, três mortos e sete feridos.
15 de novembro - Os tumultos persistem, sendo os maiores focos no
Sacramento e na Saúde. Continuam os ataques às delegacias, ao gasômetro, às
lojas de armas. No Jardim Botânico, operários de três fábricas investem contra
os seus locais de trabalho e contra uma delegacia. Estivadores e foguistas
reivindicam junto às suas empresas a suspensão dos serviços. Há conflitos ainda
nos bairros do Méier, Engenho de Dentro, Encantado, São Diego, Vila Isabel,
Andaraí, Aldeia Campista, Matadouro, Catumbi e Laranjeiras.
Horácio José da Silva,
conhecido como o Prata Preta, lidera as barricadas na Saúde. Os jornalistas
acompanham os episódios e visitam alguns locais de conflito. Descrevem a
“multidão sinistra, de homens descalços, em mangas de camisa, de armas ao ombro
uns, de garruchas e navalhas à mostra”. A Marinha ataca os rebeldes e as
famílias fogem com medo.
16 de novembro - O governo decreta o estado de sítio. Os conflitos
persistem em vários bairros. As tropas do Exército e da Marinha invadem a
Saúde, aprisionando o Prata Preta.
O governo acaba por
recuar e revoga a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. A polícia
aproveita os tumultos e realiza uma varredura de pessoas excluídas que
perambulam pelas ruas da capital da República. São todas enviadas à Ilha das
Cobras, espancadas, amontoadas em navios-prisão e deportadas para o Acre, a fim
de trabalharem nos seringais. Muitas não chegam ao seu destino e morrem durante
a viagem.
A revolta deixa um
saldo de 30 mortos, 110 feridos e 945 presos, dos quais 461 são deportados para
o Acre.
Fontes:
- BENCHIMOL, Jaime Larry. Pereira Passos: um Haussmann tropical – A renovação urbana da cidade do Rio de Janeiro no início do século XX. Rio de Janeiro: Biblioteca carioca,1992.
- CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário republicano no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
- CHALHOUB, Sidney. Cidade Febril: cortiços e epidemias na Corte imperial.São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
- Discurso de posse de Rodrigues Alves realizado em 15 de novembro de 1902. In: Anais da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
- Discurso do senador Rui Barbosa realizado em 15 de novembro de 1904. In: Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 15/11/1904.
- RIO, João do. O velho mercado. In: Cinematógrapho. Porto, Moderna, 1909.
- ROCHA, Oswaldo P. A era das demolições: Cidade do Rio de Janeiro (1870-1920). Rio de Janeiro: Biblioteca Carioca, 1995.
- SEVCENKO, Nicolau (org). História da vida privada no Brasil República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
Texto 2-
Contestado: uma revolta nos “trilhos” das desigualdades que marcaram a
República Velha.
Ao longo de sua História a região do Contestado foi alvo de sucessivos episódios de disputa política e econômica. Localizada entre os estados do Paraná e Santa Catarina, a região foi marcada por essas disputas em razão da presença de uma rica floresta e uma grande região dedicada à plantação de erva-mate. Uma das mais imediatas manifestações desse problema se dava na pressão exercida pelos grandes proprietários de terra que forçavam agregados e posseiros a se estabelecerem em outras terras.
Além disso, a construção de uma estrada de ferro
interligando os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul agravou o problema
social ali instalado. Sob a liderança do empresário estadunidense Percival
Farquhar, a Brazil Railway Company comprou uma extensa área para construção
desta estrada, onde diversas famílias já estavam instaladas. Após viabilizar o
processo de desocupação das terras, a companhia atraiu a mão-de-obra de mais de
8 mil operários que participaram da gigantesca obra.
Depois de realizar a construção, a Brazil Railway
adquiriu uma outra área com mais de 180 mil hectares onde realizaria exploração
madeireira. Utilizando um moderno maquinário para a execução desse novo
empreendimento, a empresa estrangeira precisou de um contingente mínimo de
mão-de-obra, o que acabou forçando a expulsão de outra leva de pequenos
agricultores que também estavam fixados naquela região.
Com a formação dessa massa de operários
desempregados e camponeses desapropriados, a região do Contestado começou a presenciar
um movimento messiânico. Diversos profetas, beatos e “monges” apareceram
pregando ideais de justiça, paz e comunhão que seriam estabelecidos em um
movimento de inspiração religiosa. O primeiro desses líderes foi o beato José
Maria, que atacava o autoritarismo da ordem republicana e pregava novos tempos
de prosperidade e comunhão espiritual.
Inspirado pela lenda messiânica do antigo rei
português Dom Sebastião, José Maria agrupou diversos seguidores para a fundação
da comunidade de Quadrado Santo, que viveu da agricultura subsistente e do
furto de gado. Preocupados com a formação de comunidades desse mesmo tipo, os
governos estadual e federal passaram a enviar expedições militares contra a
população de Quadrado Santo. Ao saberem da ação do governo, os sertanejos
fugiram para a cidade de Faxinal do Irani, no Paraná.
Após essa fuga, ainda no ano de 1912, um novo
destacamento militar foi mandado para entrar em conforto com os seguidores de
José Maria. Durante os conflitos, as tropas federais foram derrotadas,
entretanto o líder espiritual acabou morrendo. Após esse primeiro confronto, os
rebeldes começaram a reorganizar a comunidade de Quadrado Santo. No final do
ano seguinte, uma nova luta foi travada com os militares e, mais uma vez, a
comunidade do Contestado subjugou as autoridades republicanas.
Em 1914, o governo mais uma vez foi neutralizado
com a fuga em massa dos moradores do contestado. No ano seguinte, outros
confrontos seriam marcados com sucessivas derrotas do Exército. O já prolongado
conflito só veio a ter um fim quando as tropas do governo foram mantidas por
mais de um ano em confrontos regulares contra a comunidade revoltosa. Para
tanto, utilizaram de aviões e uma pesada artilharia. No fim da luta, em 1916,
milhares de sertanejos foram brutalmente executados.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Texto
3- Guerra do Contestado-Conflito alcançou enormes proporções
A Guerra do Contestado foi um conflito que alcançou enormes proporções na história do Brasil e, particularmente, dos Estados do Paraná e de Santa Catarina. Semelhante a outros graves momentos de crise, interesses político-econômicos e messianismo se misturaram ao contexto explosivo. Ocorrido entre 1912 e 1916, o conflito envolveu, de um lado, a população cabocla daqueles Estados, e, de outro, os dois governos estaduais, apoiados pelo presidente da República, Hermes da Fonseca.
A região do conflito, localizada entre os dois
Estados, era disputada pelos governos paranaense e catarinense. Afinal, era uma
área rica em erva-mate e, sobretudo, madeira. Originalmente, os moradores da
região eram posseiros caboclos e pequenos fazendeiros que viviam da
comercialização daqueles produtos.
A construção da estrada de ferro
No final do século 19, o governo brasileiro
autorizou a construção de uma estrada de ferro ligando os Estados de São Paulo
e Rio Grande do Sul. Para isso, desapropriou uma faixa de terra, de
aproximadamente 30 km de largura, que atravessava os Estados do Paraná e de
Santa Catarina - uma espécie de "corredor" por onde passaria a linha
férrea.
A responsável pela construção foi a empresanorte-americana Brazil Railway Company, de propriedade do empresário PercivalFarquhar, que também era dono da Southern Brazil Lumber and ColonizationCompany, uma empresa de extração madeireira. A construção da estrada acabou
atraindo muitos trabalhadores para a região onde ocorreria a Guerra do Contestado.
Com o fim das obras, o grande número de migrantes que se deslocou para o local
ficou sem emprego e, conseqüentemente, numa situação econômica bastante
precária.
Ao mesmo tempo, os posseiros que viviam na região
entre o Paraná e Santa Catarina foram expulsos de suas terras. Isso porque,
embora estivessem ali já há bastante tempo, o governo brasileiro, no contrato
firmado com a Brazil Railway, declarou a área como devoluta, ou seja, como se
ninguém ocupasse aquelas terras.
Além de construir a estrada de ferro, Farquhar,
por meio da Southern Brazil Lumber, passou a exportar para os Estados Unidos a
madeira extraída ao longo da faixa de terra concedida pelo governo brasileiro.
Com isso, os pequenos fazendeiros que trabalhavam na extração da madeira foram
arruinados pelo domínio da Lumber sobre as florestas da região.
Messianismo
A construção da estrada de ferro ligando São
Paulo ao Rio Grande do Sul trouxe consigo os principais elementos
político-econômicos que levaram à eclosão da Guerra do Contestado. Afinal, a
presença das empresas de Farquhar na região e os termos do acordo firmado com o
governo brasileiro levaram, de uma só vez, à expulsão dos posseiros que
trabalhavam no local, à falência de vários pequenos fazendeiros que viviam da
extração da madeira e à formação de um contingente de mão-de-obra disponível e
desempregada ao fim da construção.
Entretanto, havia também um outro elemento
importante para o início do conflito: o messianismo. A região era freqüentada
por monges que faziam trabalhos sociais e espirituais e, vez ou outra,
envolviam-se também com questões políticas - o que lhes dava certo destaque
entre os moradores daquela localidade.
Em 1912, apareceu na região um monge chamado José
Maria de Santo Agostinho, nome que mais tarde a polícia descobriria ser falso.
José Maria foi saudado pelos habitantes do local como a ressurreição de outro
monge que vivera ali até 1908, o monge João Maria: era como se o antigo líder
espiritual tivesse voltado.
José Maria rapidamente ganhou fama na região por
seu suposto dom de cura. Em meio aos problemas político-econômicos provocados
pelas atividades das empresas de Percival Farquhar, o monge passou a
envolver-se também com questões que estavam muito além dos problemas
espirituais dos seus seguidores.
A guerra
Sob a liderança de José Maria, os camponeses
expulsos de suas terras e os antigos trabalhadores da Brazil Railway
organizaram uma comunidade no intuito de solucionar os problemas ocasionados
pela tomada das terras e pelo desemprego. Uniram-se ao grupo os fazendeiros
prejudicados pela presença da Lumber na região. Tudo isso reforçado pelo
discurso messiânico do monge José Maria, que logo declarou a comunidade sob sua
liderança como um governo independente.
A mobilização na região passou a incomodar o governo
federal não apenas por crescer rapidamente, com a formação de novas
comunidades, mas também porque os rebeldes passaram a associar os problemas
econômicos e sociais à República. Ao mesmo tempo, os coronéis locais ficaram
incomodados com o surgimento de lideranças paralelas, como José Maria. Já a
Igreja, diante do messianismo que envolvia o movimento, também defendeu a
intervenção na região.
De forma autoritária e repressiva, os governos do
Paraná e de Santa Catarina, articulados com o presidente Hermes da Fonseca,
começaram a combater os rebeldes. Embora tenham tido pouco sucesso nos dois
primeiros anos do conflito, as forças oficiais obtiveram, a partir de 1914,
sucessivas vitórias sobre os revoltosos - graças à truculência das tropas e ao
seu numeroso efetivo, que contava com homens do Exército brasileiro e das
polícias dos dois estados.
Com quase 46 meses de conflito, a Guerra do
Contestado superou até mesmo Canudos em duração e número de mortes. Famintos e
com cada vez mais baixas, diante do conflito prolongado, da força e crueldade
das tropas oficiais e da epidemia de tifo, os revoltos caminharam para a
derrota final, consumada em agosto de 1916 com a prisão de Deodato Manuel
Ramos, último líder do Contestado.
Texto 3 Oswaldo
Cruz e Pereira Passos tentam sanear Rio
Durante o mês de novembro de 1904, o Rio de Janeiro, então capital
federal, foi palco de uma das maiores revoltas urbanas ocorridas no país: a Revolta
da Vacina. Milhares de habitantes tomaram as ruas da cidade em
violentos conflitos com a polícia. O motivo era uma polêmica medida adotada
pelo governo de então: a vacinação obrigatória.
Contando com uma população de mais de 800 mil habitantes, a cidade era constantemente vitimada por surtos de febre amarela, varíola, peste bubônica, malária, tifo e tuberculose. Na tentativa de pôr fim a esse triste quadro epidemiológico, o presidente Rodrigues Alves convocou o médico sanitarista Oswaldo Cruz,que, de imediato, pôs em marcha um ambicioso plano de saneamento e higienização da cidade. Seu projeto, porém, envolvia controvertidas medidas de controle da população e de seus hábitos de higiene.
Contando com uma população de mais de 800 mil habitantes, a cidade era constantemente vitimada por surtos de febre amarela, varíola, peste bubônica, malária, tifo e tuberculose. Na tentativa de pôr fim a esse triste quadro epidemiológico, o presidente Rodrigues Alves convocou o médico sanitarista Oswaldo Cruz,que, de imediato, pôs em marcha um ambicioso plano de saneamento e higienização da cidade. Seu projeto, porém, envolvia controvertidas medidas de controle da população e de seus hábitos de higiene.
Exército de mata-mosquitos
Por ter um caráter autoritário e invasivo, adentrando lares e
desrespeitando privacidades, sobretudo da população mais pobre, a nova política
sanitária foi alvo da mais hostil reação popular. Para o combate da febre
amarela, organizou-se uma grande equipe de "mata-mosquitos",
incumbida de perseguir os insetos nos lugares mais recônditos do Rio de
Janeiro. Os funcionários tinham o poder de invadir as casas e quebrar a
inviolabilidade dos lares cariocas.
Com a meta de controlar a peste bubônica, a prefeitura promoveu
uma declarada guerra aos ratos na cidade. E chegou a comprar os animais mortos
de quem se dispusesse a caçá-los. Aproveitadores e oportunistas não demoraram a
entrar em ação. Há relatos de que moradores partiam de Niterói para vender
roedores do outro lado da Baía de Guanabara. Além deles, havia os habituais
esquadrões municipais, sempre truculentos, que invadiam cortiços, sobrados e
casas de cômodos com a finalidade de exterminar aquela praga urbana.
A vacina e o "bota-abaixo"
No entanto, a medida sanitária mais polêmica foi tornar
obrigatória a vacinação contra varíola, o que descontentou grande parte da
população. A obrigatoriedade da vacina era garantida por uma rede de compulsão
social. A apresentação dos comprovantes de vacinação passaria a ser condição
para matrículas em escolas, admissões em empresas e oficinas, casamentos e
outras tantas atividades, de maneira que a vida social daquele que se recusasse
a ser vacinado tornar-se-ia impossível.
Em paralelo, a tônica modernizadora da gestão do prefeito Pereira
Passos já se fazia sentir desde 1903, quando da inauguração da avenida Passos.
Em março de 1904, com a demolição de dezenas de casarões e sobrados, tiveram
início as obras da avenida Central. Os objetivos de enquadrar a cidade nos
preceitos recomendados pela higiene custaram a remoção de centenas de famílias
pobres, transfigurando por completo a paisagem do centro. Essa política ficou
popularmente conhecida como "bota abaixo". A vacinação obrigatória
era, portanto, uma entre várias medidas que visavam disciplinar a população
mais pobre, erradicando-a das áreas centrais.
Praças de guerra
Tão logo a nova lei foi anunciada, a insatisfação popular tomou
forma de protesto. Os confrontos - que se iniciaram a partir da prisão de um
estudante, numa manifestação no Largo de São Francisco - em pouco tempo se
generalizaram, opondo os populares e as forças policiais. As cargas de
cavalaria tentavam a todo custo conter a insatisfação dos amotinados, enquanto
a massa popular não parava de crescer.
Em poucos dias, os conflitos atingiam diversos bairros pela cidade. As áreas compreendidas entre o Largo de São Francisco e a Praça Tiradentes converteram-se em verdadeiros campos de batalha. Barricadas eram erguidas na tentativa de conter as investidas da polícia. Muitas ruas tiveram seus calçamentos transformados em munição pelos populares que, escondidos por detrás dos bondes, alvejavam como podiam as forças policiais.
Em poucos dias, os conflitos atingiam diversos bairros pela cidade. As áreas compreendidas entre o Largo de São Francisco e a Praça Tiradentes converteram-se em verdadeiros campos de batalha. Barricadas eram erguidas na tentativa de conter as investidas da polícia. Muitas ruas tiveram seus calçamentos transformados em munição pelos populares que, escondidos por detrás dos bondes, alvejavam como podiam as forças policiais.
Lima Barreto
Em meio ao caos gerado pelos conflitos, as autoridades passaram a
efetuar prisões de forma generalizada. Testemunha ocular das agitações que
marcavam as ruas cariocas naquele tempo, o escritor Lima Barreto
registrou em seu "Diário Íntimo" as inúmeras violências e
arbitrariedades de que foram vítimas os populares revoltosos: "A polícia
arrepanhava a torto e a direito pessoas que encontrava na rua. Recolhia-as às
delegacias, depois juntavam na Polícia Central. Aí, violentamente,
humilhantemente, arrebentava-lhes os cós das calças e as empurrava num grande
pátio. Juntadas que fossem algumas dezenas, remetia-as à Ilha das Cobras, onde
eram surradas desapiedadamente".
Em 16 de novembro de 1904 a revolta foi sufocada pela polícia. O saldo da agitação que sacudiu as ruas do Rio de Janeiro foi trágico. Cerca de 110 feridos e 30 pessoas mortas. A ação policial resultou na prisão de 945 pessoas, das quais 461 foram deportadas para o Acre.
Em 16 de novembro de 1904 a revolta foi sufocada pela polícia. O saldo da agitação que sacudiu as ruas do Rio de Janeiro foi trágico. Cerca de 110 feridos e 30 pessoas mortas. A ação policial resultou na prisão de 945 pessoas, das quais 461 foram deportadas para o Acre.
Truculência do poder público
Num regime
republicano recém instaurado, onde a participação política da maior parte da
população era nula, o levante representou uma reação legítima frente ao
tratamento autoritário que o governo dispensava ao povo. Mais que um levante
dos cariocas contra as medidas sanitárias do Estado, a Revolta da Vacina
simboliza a resistência popular frente à truculência que historicamente permeia
o contato do poder público com o povo. Anos mais tarde, o político paulista
Washington Luís diria que no Brasil "a questão social é questão de
polícia", reforçando a idéia de que a força e a arbitrariedade são os
mecanismos corretos para conter os anseios populares.
A vacinação, em suma, foi mais uma medida para
disciplinar a população pobre, vista sempre como obstáculo ao progresso e ao desenvolvimento.
Sua revolta representou o protesto ampliado contra o projeto de modernização
excludente que estava em marcha naquele momento.
Texto2- Revolta da Chibata
João Candido organizou uma revolta contra os desmandos do governo oligárquico.
No início do século XX, os marinheiros brasileiros eram submetidos
a uma dura rotina de trabalho e recebiam salários baixíssimos. Não bastando, os
membros de baixa patente eram submetidos a castigos físicos toda vez que não
cumpriam uma ordem estabelecida. Apesar de a prática ser proibida desde o fim
do Império, era comum que os marinheiros recebessem chibatadas como forma de
punição.
Em 1910, sob comando de um marujo negro e analfabeto chamado JoãoCandido, os marinheiros dos couraçados Minas Gerais e São Paulo organizaram um
protesto. Neste, tomaram o controle das embarcações e enviaram um telegrama ao
presidente exigindo que os castigos fossem abolidos, os salários incrementados
e uma folga semanal concedida a todos os marinheiros. Se não tivessem seu
pedido imediatamente atendido, ameaçavam bombardear a capital.
Mediante a gravidade da situação e o alarde dos grupos políticos
oposicionistas, o governo decidiu atender aos pedidos. Em poucos instantes, o
Congresso votou uma lei em que o castigo físico era abolido e todos os
envolvidos na revolta não sofreriam qualquer tipo de punição. Entretanto,
revelando sua face autoritária, o governo descumpriu suas próprias
determinações ao realizar a prisão de alguns dos participantes dessa primeira
revolta.
A mudança aconteceu quando, alguns dias antes, provavelmente
empolgados pela primeira revolta, um grupo de fuzileiros navais alocados na
Ilha das Cobras resolveu organizar uma nova manifestação contra o governo.
Dessa vez o Exército foi enviado para um violento ataque a fim de aniquilar
prontamente os rebeldes. Aqueles que sobreviveram ao episódio foram deportados
para a Amazônia e forçados a trabalhar nos seringais da região.
Durante a realocação para o território amazônico, alguns dos
condenados foram submetidos ao fuzilamento. João Candido acabou sendo
inocentado pelo governo federal. Entretanto, perdeu a sua colocação na Marinha
e foi internado como louco no Hospital dos Alienados. Na época, o tratamento no
sanatório poderia ser tão ou mais cruel que a própria prisão. Em 1969, ele
acabou morrendo pobre, esquecido e acometido por um câncer.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
Texto 3- O que foi a Revolta da Chibata?
Paula Takada (paula.takada@abril.com.br)
João Candido Felisberto, líder da Revolta da Chibata. Fonte:
Associação Cultural do Arquivo Nacional
No início do século 20, a maior parte dos trabalhadores da Marinha
brasileira era composta por mulatos e negros, escravos libertos ou filhos de
ex-escravos. As condições de trabalho eram precárias: os marinheiros tinham
remuneração baixa, recebiam péssima alimentação durante as longas viagens nos
navios e, o mais grave, estavam submetidos a punições corporais, caso
desobedecessem alguma regra.
Mais de duas décadas
após a abolição da escravidão, a prática de castigos físicos ainda era comum na
Marinha brasileira. Punições típicas do período colonial haviam sido revogadas
com a Proclamação da República, em 1889, e reintroduzidas pelo Decreto 328, de
abril de 1890. O rebaixamento de salário, o cativeiro em prisão solitária por
um período de três a seis dias, a pão e água, para faltas leves ou
reincidentes, e as 25 chibatadas para faltas graves eram penas regulamentadas
em plena República.
Esse contexto revoltava
centenas de marujos que durante os anos de 1908 e 1909 passaram a se organizar,
buscando, sem sucesso, negociar melhorias trabalhistas com o governo. No dia 21
de novembro, o marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes, acusado de embarcar
com uma garrafa de cachaça, foi violentamente punido não com 25, mas com 250
chibatadas, na presença de todos os tripulantes.
O castigo exagerado do
marujo levou ao início da revolta, no dia 22 de novembro, com a participação de
cerca de 2.300 marinheiros que, liderados por João Cândido Felisberto, tomaram
o controle dos encouraçados Minas Gerais, São Paulo e do cruzador-ligeiro Bahia
(recém-construídos na Inglaterra) e do antigo encouraçado Deodoro. Uma carta
reivindicando melhores condições de trabalho e modificações na legislação penal
e disciplinar com destaque para a extinção das chibatadas foi enviada ao
governo. Com os canhões das embarcações apontados para a cidade do Rio de
Janeiro, os marinheiros ameaçavam bombardear a capital do país, caso suas
exigências não fossem atendidas.
O governo cedeu às
pressões dos marujos e em 27 de novembro de 1910 a chibata foi abolida da
Marinha de Guerra brasileira. Oficialmente, a anistia estava garantida aos
revoltosos liderados por João Cândido - que a partir desse momento, passou a
ser tratado pela imprensa como o "Almirante Negro". No dia seguinte,
porém, o presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca assinou o decreto
8.400 que permitia a exclusão da Marinha de qualquer marujo cuja presença fosse
julgada inconveniente por seus superiores. Repressão
violenta na Ilha das Cobras
Segundo o historiador
Marco Morel, cerca de 1.200 homens foram expulsos da Marinha, centenas foram
presos e outros 30 foram assassinados. As prisões do Batalhão Naval localizado
na Ilha das Cobras, na baía de Guanabara, estavam lotadas e, em 9 de dezembro,
uma nova rebelião foi iniciada. O governo rapidamente reprimiu a insurreição e
usou a situação para suspender a anistia oficialmente anunciada semanas antes.
João Cândido então foi
preso, acusado de liderar a recente rebelião. Na noite de 24 de dezembro,
véspera de Natal, 31 marinheiros foram trancados em duas pequenas celas
repletas de cal, que teria sido utilizada para higienizar o ambiente. No dia
26, quando os funcionários do cárcere voltaram ao trabalho, apenas dois marujos
sobreviviam: João Cândido e João Avelino Lira.
Bastante traumatizado e
tendo alucinações, João Cândido foi levado ao Hospital Nacional dos Alienados,
no bairro da Urca, onde permaneceu internado por três meses. Depois de
recuperado, foi levado de volta à prisão na Ilha das Cobras, cumprindo pena até
30 de dezembro de 1912.
Impedido de retornar à
Marinha, João Cândido trabalhou em embarcações particulares, sendo
constantemente demitido por pressão da Marinha sobre seus patrões. Passou a
ganhar a vida como pescador e comerciante de peixes na Praça XV. Morreu em
1969, aos 89 anos, vitima de um câncer de pulmão.
Em 1977, Aldir Blanc e
João Bosco homenagearam o líder da Revolta da Chibata compondo o samba
"Mestre-sala dos Mares", interpretado por Elis Regina.
Em 2008, o presidente
Luís Inácio Lula da Silva sancionou a lei federal de número 11.756 concedendo a
anistia póstuma a João Cândido e a outros marinheiros que participaram da
revolta. No entanto, a indenização aos descendentes dos marujos foi vetada pelo
presidente da República.
Video Música http://www.youtube.com/watch?v=n6-i_XQsxCE
Grupo: Revolta da Chibata
Movimento defendeu mudanças na Marinha
Vitor
Amorim de Angelo
Na noite de 22 de novembro de 1910, dia em que o marechal Hermes da Fonseca completava sua primeira semana
como presidente da República, teve início no Rio de Janeiro, então capital do
Brasil, a chamada Revolta da Chibata. Protagonizado por marinheiros da Armada
brasileira, o movimento defendia, entre outras coisas, o fim dos castigos
físicos aplicados aos graduados da Marinha, como a chibatada, por exemplo.
Os castigos, suspensos pela Armada logo após a Proclamação da República, foram retomados no ano seguinte como forma de controle e punição dos marinheiros - em sua maioria, negros e pobres. Poderiam receber chibatadas aqueles que cometessem faltas graves, como, por exemplo, o desrespeito à hierarquia militar.
Os castigos, suspensos pela Armada logo após a Proclamação da República, foram retomados no ano seguinte como forma de controle e punição dos marinheiros - em sua maioria, negros e pobres. Poderiam receber chibatadas aqueles que cometessem faltas graves, como, por exemplo, o desrespeito à hierarquia militar.
Os castigos físicos, porém, contrastavam com as punições aplicadas
pelas marinhas de outros países a seus graduados e, principalmente, com a fase
modernizadora vivida pela Armada brasileira na época. Embora a escravidão
tivesse sido abolida oficialmente mais de vinte anos antes, o uso da chibata
pela oficialidade branca reproduzia, de certa forma, a mesma relação
estabelecida entre os escravos e seus senhores até o final do século 19.
A eclosão do movimento
Depois de ferir um oficial a bordo do navio Minas Gerais, o
marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes foi condenado a receber 250
chibatadas como castigo. O rigor da punição, aplicada sob os olhares da tropa,
provocou indignação entre os graduados da Marinha. Desde o ano anterior, quando
voltaram de uma missão junto à Armada inglesa, os marinheiros vinham se
articulando contra os castigos físicos, tendo, inclusive, formado o Comitê
Geral da revolução, liderado por João Cândido - o "Almirante negro".
Os marinheiros logo assumiram o controle do Minas Gerais, que estava em trânsito para o Rio de Janeiro, matando quatro oficiais que seguiam a bordo, incluindo o comandante do navio. Na manhã do dia 23, já no Distrito Federal, os revoltosos, que haviam conseguido o apoio de outras embarcações da Marinha brasileira, encaminharam um manifesto ao presidente da República.
Os marinheiros logo assumiram o controle do Minas Gerais, que estava em trânsito para o Rio de Janeiro, matando quatro oficiais que seguiam a bordo, incluindo o comandante do navio. Na manhã do dia 23, já no Distrito Federal, os revoltosos, que haviam conseguido o apoio de outras embarcações da Marinha brasileira, encaminharam um manifesto ao presidente da República.
Na carta, escrita no dia anterior, os marinheiros afirmavam não
poder mais suportar "a escravidão dentro da Marinha", declarando-se a
favor de uma reforma no "código imoral e vergonhoso que nos rege a fim de
que desapareça a chibata [...] e outros castigos semelhantes". O manifesto
dava ao marechal Hermes da Fonseca o prazo de 12 horas para responder às demandas
dos revoltosos.
Entretanto, o desfecho do movimento só ocorreria no dia 26, quando
os marinheiros entregaram os navios, depois de o presidente da República
aceitar o fim dos castigos físicos e sancionar a anistia aprovada pelo Senado
no dia anterior. Já no dia 27, antes mesmo de suspender o uso das chibatas,
Hermes da Fonseca assinou um decreto que permitia a exclusão de marinheiros da
Armada sem a necessidade de instaurar um processo legal para tanto.
O levante da ilha das Cobras
Com a aprovação do decreto, abriu-se o caminho para a expulsão de
vários marinheiros que tinham participado do levante de novembro. Assim, poucos
dias depois da rendição, teve início um novo levante, dessa vez, na ilha das
Cobras, no Rio de Janeiro. Ao contrário do movimento anterior, a revolta de
dezembro foi duramente combatida pela Marinha, que dizimou boa parte dos
revoltosos, mesmo depois da rendição.
Dos sobreviventes, a maioria foi forçada a embarcar no navio Satélite, que seguiria em direção ao Amazonas, para trabalhar na produção da borracha. Alguns deles, contudo, nem chegaram ao destino: foram fuzilados a bordo da embarcação. Os demais revoltosos foram presos em calabouços da ilha das Cobras, sendo que, em pouco mais de um dia, apenas dois dos 18 graduados presos ali sobreviveram às condições insalubres do local - entre eles, João Cândido.
Dos sobreviventes, a maioria foi forçada a embarcar no navio Satélite, que seguiria em direção ao Amazonas, para trabalhar na produção da borracha. Alguns deles, contudo, nem chegaram ao destino: foram fuzilados a bordo da embarcação. Os demais revoltosos foram presos em calabouços da ilha das Cobras, sendo que, em pouco mais de um dia, apenas dois dos 18 graduados presos ali sobreviveram às condições insalubres do local - entre eles, João Cândido.
O destino do Almirante negro, porém, foi melancólico e desprovido
de qualquer honra ou glória. Expulso da Marinha sob acusação de estar envolvido
com o levante de dezembro, foi internado poucos meses depois como louco no
Hospital dos Alienados, de onde só conseguiu sair depois de quase um ano e
meio, após ser absolvido das acusações que pesavam contra ele por conta do
movimento de 1910.
Muito mais que uma revolta
Embora o
levante que João Cândido liderou tenha entrado para a história do Brasil como
uma "revolta", o movimento de 1910 pode ser considerado um episódio
bem mais profundo do que isso, especialmente pelas suas reivindicações, que não
se limitavam à luta pelo fim dos castigos físicos. A ocultação da carta enviada
no dia 23 de abril ao presidente Hermes da Fonseca, que veio a público tempos
depois, certamente contribuiu para conformar uma versão da história que
retirava da Revolta da Chibata seu caráter de luta política.
O fato de o
manifesto ter sido escrito no dia anterior, por exemplo, desmonta a versão
segundo a qual o movimento teria eclodido de maneira espontânea, sem nenhuma
espécie de organização anterior. Pelo contrário, os marinheiros há muito tempo
já vinham se articulando para lutarem por mudanças no funcionamento interno da
Marinha. Prova disso foi a criação do Comitê Geral da revolução.
Por outro
lado, as versões que caracterizam a Revolta da Chibata como um movimento
primitivo, instintivo, não se sustentam quando questionamos a razão para o
afastamento dos marinheiros envolvidos no movimento de 1910. A expulsão das
principais lideranças da Revolta da Chibata demonstrou que o poder dos
marinheiros estava muito além do controle dos navios. Daí porque, mesmo após a
rendição, o oficialato tratou de excluí-los rapidamente dos quadros da Armada.
O movimento
de 1910, portanto, foi bem mais que uma simples revolta, instintiva e
espontânea. A rebelião daquela noite não questionava a República nem tampouco
lutava pelo retorno da monarquia, como queriam os restauradores. Seu objetivo
era instituir uma nova relação de trabalho dentro da Armada e lutar pelo
reconhecimento dos pobres e negros da Marinha brasileira como cidadãos livres e
dotados de direitos.
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