Texto2- Revolta da Chibata
João Candido organizou uma revolta contra os desmandos do governo oligárquico.
No início do século XX, os marinheiros brasileiros eram submetidos
a uma dura rotina de trabalho e recebiam salários baixíssimos. Não bastando, os
membros de baixa patente eram submetidos a castigos físicos toda vez que não
cumpriam uma ordem estabelecida. Apesar de a prática ser proibida desde o fim
do Império, era comum que os marinheiros recebessem chibatadas como forma de
punição.
Em 1910, sob comando de um marujo negro e analfabeto chamado JoãoCandido, os marinheiros dos couraçados Minas Gerais e São Paulo organizaram um
protesto. Neste, tomaram o controle das embarcações e enviaram um telegrama ao
presidente exigindo que os castigos fossem abolidos, os salários incrementados
e uma folga semanal concedida a todos os marinheiros. Se não tivessem seu
pedido imediatamente atendido, ameaçavam bombardear a capital.
Mediante a gravidade da situação e o alarde dos grupos políticos
oposicionistas, o governo decidiu atender aos pedidos. Em poucos instantes, o
Congresso votou uma lei em que o castigo físico era abolido e todos os
envolvidos na revolta não sofreriam qualquer tipo de punição. Entretanto,
revelando sua face autoritária, o governo descumpriu suas próprias
determinações ao realizar a prisão de alguns dos participantes dessa primeira
revolta.
A mudança aconteceu quando, alguns dias antes, provavelmente
empolgados pela primeira revolta, um grupo de fuzileiros navais alocados na
Ilha das Cobras resolveu organizar uma nova manifestação contra o governo.
Dessa vez o Exército foi enviado para um violento ataque a fim de aniquilar
prontamente os rebeldes. Aqueles que sobreviveram ao episódio foram deportados
para a Amazônia e forçados a trabalhar nos seringais da região.
Durante a realocação para o território amazônico, alguns dos
condenados foram submetidos ao fuzilamento. João Candido acabou sendo
inocentado pelo governo federal. Entretanto, perdeu a sua colocação na Marinha
e foi internado como louco no Hospital dos Alienados. Na época, o tratamento no
sanatório poderia ser tão ou mais cruel que a própria prisão. Em 1969, ele
acabou morrendo pobre, esquecido e acometido por um câncer.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
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