20 de mai. de 2012


Texto 2- Antônio Conselheiro

Antes de se tornar um líder social do Nordeste brasileiro no final do século XIX, Antônio Vicente Maciel, nascido em 13 de março de 1830 em Quixeramobim, Ceará, trabalhava com o comércio herdado de seu falecido pai, onde sustentava suas quatro irmãs. Seus conhecimentos em aritmética, português, geografia, francês e latim lhe garantiram bons empregos como escrivão de cartório, solicitador de petições e até mesmo como advogado, ainda que não tivesse o diploma.
Casou-se com sua prima Brasilina Laurentina de Lima e manteve uma vida estável até que, quatro anos depois, flagra sua esposa traindo-o com um sargento em sua própria casa.
Desolado, foge sem rumo pelo Ceará, trabalhando como pedreiro e construtor para sobreviver. Na maioria de seus trabalhos, reformava igrejas. Certa vez, ficou impressionado com as incursões peregrinas do padre Ibiapina, e começou a ler atentamente as pregações do Evangelho. As mensagens religiosas o influenciaram tanto, que ele passou a consolar as pessoas que reclamavam de dificuldades com trechos bíblicos e uma diferente interpretação de seu conteúdo, conquistando fiéis por onde passava. Por conta de seus conselhos, ele ficaria conhecido como Antônio Conselheiro.
Em contato com o povo, percebendo suas reais necessidades e o descaso do governo e dos latifundiários com toda essa situação, Antônio Conselheiro sai em peregrinação a Canudos, no interior da Bahia, com o objetivo de formar a comunidade Belo Monte. Antes, porém, chegou a ser preso por ser acusado de assassinar a ex-esposa (o que, de fato, não era verdade). Na prisão, teve contato mais intenso com as camadas mais baixas da população nordestina, elevando seu prestígio de forma considerada. Para se ter uma idéia, quando Antônio Conselheiro cogitou criar a comunidade Belo Monte, cerca de 15 mil a 25 mil pessoas seguiam seus passos.
Por mais que tivesse inúmeros seguidores, Antônio Conselheiro também colecionava inimigos. Os latifundiários e padres o acusavam de incitar os trabalhadores a largarem suas obrigações. Suas idéias políticas, mais inclinadas à restauração da monarquia no Brasil, indignavam a recém-instaurada República.
Para evitar a propagação dos ideais de Antônio Conselheiro, uma tropa baiana invadiu o território de Canudos, mas foi facilmente derrotada. A partir daí, em 1896, iniciava um conflito que atingiria enormes proporções, conhecido como Guerra dos Canudos. Após três expedições fracassadas, devido às táticas de guerrilha dos canudos que lutavam, inicialmente, a pau e pedra, o governo enviou uma quarta expedição munida de canhões e fortalecida por milhares de soldados.
Em 5 de outubro de 1897, o capitão Antônio Moreira César derrota os canudos, devastando tudo o que via pela frente. O massacre foi tão imenso, que nem as crianças e mulheres foram poupadas da crueldade do Exército. Antônio Conselheiro, que liderava a construção dessa utópica sociedade igualitária, foi aniquilado pela explosão de uma granada em 22 de outubro de 1897.
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