Texto 1- Antônio Conselheiro
22/9/1897, Canudos (BA)
Filho do comerciante Vicente Mendes Maciel e de
Maria Joaquina de Jesus, Antônio Vicente Mendes Maciel ficou órfão da mãe aos
seis anos. Estudou aritmética, português,
geografia, francês e latim.
Entre suas leituras preferidas estavam as aventuras do imperador Carlos Magno
e dos 12 pares de França, adaptações de lendas populares da idade média
arraigadas no folclore
nordestino.
Aos 27 anos, perdeu o pai e começou a cuidar da
loja da família, com a qual sustentava as quatro irmãs. Ficou dois anos à
frente do negócio e, depois, passou a dar aulas numa escola de fazenda. Graças
aos seus estudos e esforço pessoal, tornou-se escrivão de cartório, solicitador
(encarregado de encaminhar petições ao poder Judiciário) e rábula (advogado sem
diploma). Estaria encaminhado profissionalmente, caso um problema pessoal não
viesse mudar radicalmente sua vida.
Depois de casado, Antônio Maciel foi traído pela
mulher que fugiu com outro homem. Transtornado pela humilhação, começou a
perambular sem destino certo pelo interior do Ceará e de
outros Estados
do Nordeste, talvez à procura dos fugitivos. Para sobreviver, trabalhou
como pedreiro e construtor, ofício aprendido com o pai. Restaurava e construía
capelas, igrejas e cemitérios.
Esse trabalho e as pregações do padre Ibiapina -
que peregrinava pelo sertão fazendo obra de caridade - influenciaram Antônio
Maciel. Ele passou a ler os Evangelhos e a divulgá-los entre o povo humilde,
ouvindo também os problemas das pessoas e procurando consolá-las com mensagens
religiosas. Devido aos conselhos, tornou-se conhecido como Antônio Conselheiro
e arrebanhou um número crescente de seguidores fiéis que o acompanhavam pelas
suas andanças.
À medida que a simpatia dos pobres por ele
aumentava, surgiam também os inimigos, que se sentiam prejudicados. Por um
lado, os padres, que viam seu prestígio diminuir diante das pregações de um
leigo. Por outro, os latifundiários, que viam muitos empregados de suas
fazendas abandonarem tudo para seguir o beato.
Em 1874, o Conselheiro e seus seguidores se fixaram perto da vila de Itapicuru de Cima, no sertão da Bahia, onde fundaram o arraial do Bom Jesus. Dois anos depois, acusado de ter assassinado a esposa, Antônio Conselheiro foi preso e mandado para o Ceará, onde o julgamento comprovou sua inocência.
Em 1874, o Conselheiro e seus seguidores se fixaram perto da vila de Itapicuru de Cima, no sertão da Bahia, onde fundaram o arraial do Bom Jesus. Dois anos depois, acusado de ter assassinado a esposa, Antônio Conselheiro foi preso e mandado para o Ceará, onde o julgamento comprovou sua inocência.
Entretanto, seu fervor religioso aumentou durante
a temporada na prisão. Da mesma maneira, aumentou seu prestígio entre os
pobres, que passaram a vê-lo como um mártir. Mais gente se reuniu a sua volta e
o acompanhou sertão afora, por andanças que duraram 17 anos. Em 1893, ele se
estabeleceu definitivamente numa fazenda abandonada às margens do rio
Vaza-Barris, numa afastada região do norte da Bahia, conhecida como Canudos.
Ali, fundou um povoado, que chamou de Belo Monte.
Rapidamente, o vilarejo se transformou numa cidade cuja população é estimada
entre 15 mil e 25 mil habitantes (há controvérsia entre os historiadores).
Canudos prosperou e se tornou incômoda para as
autoridades políticas e religiosas locais, que procuravam um pretexto para
acabar com ela. Um problema comercial acerca de uma compra de madeira na cidade
de Juazeiro deu motivo para que uma tropa de soldados da polícia baiana
investisse contra os seguidores do Conselheiro em novembro de 1896.
A derrota dos policiais deu início a um conflito
que ficou conhecido como Guerra de
Canudos, que assumiu enormes proporções. Mobilizaram-se tropas do exército
em três expedições militares que, enfrentando enorme resistência da população
de Canudos, promoveram um massacre no arraial. O confronto estendeu-se até 5 de
outubro de 1897, quando o exército tomou definitivamente o arraial. Antônio
Conselheiro morrera poucos dias antes, não se sabe exatamente como.
Fontes:
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/sertoes.html
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